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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Acreditem ou não – Parte final


***
Raphaela estava se sentindo impotente, caída no chão tentava reunir suas forças para se levantar. Apoiando-se em uma prateleira, olhou para os lado e viu que Juliana havia esquecido sua bolsa. Resolveu levar a bolsa junto com ela, para que pudesse entregar a Juliana na próxima vez que se encontrassem.


***
Ao chegar em casa Juliana foi trancada em seu quarto. Sua mãe não queria vê-la, dizia não saber mais o que fazer, disse que a colocaria num colégio interno em outro estado se fosse necessário.
Juliana estava desesperada. Só de pensar que não veria mais seu amor o ar fugia de seus pulmões. Ela chorava e entre lágrimas e soluços sua cabeça e seu coração diziam que sem Raphaela não valia mais a pena viver. A vida não teria sentido sem o amor. Sem a pessoa que a tinha feito se sentir realmente viva. Em meio ao desespero resolve pegar um frasco de veneno e acabar com aquele sofrimento, com aquela dor.
- “Espero que todos me perdoem um dia, mas eu não suportaria viver sem ela”.
Vira o frasco e engole num gole só seu conteúdo.




***

Começa a sentir suas forças fugindo de seus músculos, seu sangue se esvaindo do corpo e sua vida que escorre como as areias de uma ampulheta.
Cai no chão, já sem reações, um corpo inerte. Ela ouve ao longe a voz de sua mãe, mas já é tarde e ela se deixa seguir seu destino.

Algumas horas passaram e a mãe de Juliana percebe que não tem nenhum barulho, choro, murmúrio e nem lamento vindo do quarto. Fica preocupada e resolve abrir a porta.
O corpo de sua filha estava estendido no chão e em umas das mãos um frasco vazio.
Ela não queria acreditar, aquilo não poderia estar acontecendo, sua filha, a pessoa que ela mais amava estava caída na sua frente. Começou a chorar compulsivamente, puxou o corpo de Juliana para seu colo. A cena era desoladora. Os gritos de dor daquela mãe atraíram as outras pessoas da casa que também se abalaram com a cena. Uma garota tão nova, tão linda, como aquilo podia ter acontecido. Por que ela teria feito aquilo?
Em poucos minutos uma ambulância chegou, mas a menina não tinha pulso, eles não poderiam fazer nada, seu corpo seria levado ao IML para a autopsia que diria qual veneno foi usado pela moça.

***
A notícia se espalhou rápido pela cidade, e não tardou para que Raphaela ficasse sabendo. Primeiro ela achou que fosse uma brincadeira de mal gosto, depois achou que fosse uma armação da família de Juliana para afastá-las. Não podia ser verdade ela não queria acreditar.
Raphaela começou a gritar, o desespero era imenso e não se continha em lágrimas. Sua dor era ouvida por todos. Ela estava inconsolada, como pôde perder um amor que nem ao menos teve a oportunidade de prová-lo por completo. Elas não puderam ficar juntas, se amar, se conhecer, se permitir viver.
Ela não conseguia pensar, a dor era grande demais. Estar ali naquela cidade com as pessoas que impediram seu amor era torturante demais. Arrumou suas coisas em uma mochila e resolveu ir embora, seguir sua vida em outro lugar, outra cidade.

***
O enterro foi com o caixão fechado. Os médicos disseram que o veneno deixou Juliana desfigurada e que assim seria melhor, pois causaria menos traumas, a família acatou a decisão.
Grande parte da cidade acompanhou o velório e o enterro no dia seguinte. Todos estavam inconformados com a história. Uma história de preconceito, incompreensão e acima de tudo uma história de amor.
A mãe de Juliana chorava, não imaginava que aquilo pudesse ter acontecido, não entendia aquele amor, não sabia que ele era verdadeiro. Sua ignorância tirou sua filha do seu convívio, sua intolerância a fez perder sua menina, que só queria viver sua vida por completo, com o amor que seu coração tinha escolhido.


***
A história é contada até hoje, para que ninguém esqueça e principalmente jamais deixem essa história se repetir.

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The end.













***

Mas o que ninguém sabe é que essa é a história que a cidade conheceu, na realidade a história tem outro desfecho.

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Na conversa que tiveram na biblioteca Raphaela deu a Juliana um frasco com uma toxina que provoca catalepsia, que retardaria os batimentos cardíacos e a respiração de Juliana a quase zero, e que assim ela seria dada como morta. O médico do necrotério era amigo de Raphaela, e eles tinham combinado que assim que Juliana chegasse ele ligaria para ela avisando.
Raphaela que já estava com as malas arrumadas (tanto a dela quanto a de Juliana que ela havia deixado na biblioteca).
Então foi só esperar a ligação para que as duas fugissem  para uma cidade distante recomeçar as suas vidas.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Criado o Conselho Nacional de Combate à Discriminação - LGBT


O Presidente Lula e Ministro Paulo Vannuchi (Secretaria de Direitos Humanos) assinararam o Decreto n º 7.388, em 9 de dezembro de 2010, publicado hoje (10/12) no Diário Oficial da União, que dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional Combate à Discriminação - CNCD , que terá o “nome social” de Conselho Nacional LGBT.


(O texto do Decreto na íntegra segue abaixo)


Segundo o Decreto, o Conselho tem por finalidade formular e propor diretrizes de ação governamental, em âmbito nacional, voltadas para o combate à discriminação e para a promoção e defesa dos direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - LGBT.
O Conselho será composto por 15 ministérios e 15 organizações da sociedade civil.


Segundo Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT, “o estabelecimento do Conselho é uma reivindação da ABGLT e uma conquista da sociedade civil e do governo Lula, dando seguimento às deliberações da 1ª Conferência Nacional LGBT, realizada em junho de 2008, para fazer o controle social da implmentação das 166 ações do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT.”




Com o estabelecimento do Conselho, o presidente Lula e o ministro Paulo Vannuchi e toda sua equipe estão demonstrando sensibilidade política para a comunidade LGBT, que nesses tempos tem sofrido muitos ataques, conforme noticiado pela mídia em geral.




Esperamos que a Ministra indicada pela presidente Dilma Rousseff, Maria do Rosário, dê continuidade às políticas iniciadas no governo Lula e que possamos num futuro próximo diminuir o estigma, o preconceito, a discriminação e a violência contra as pessoas LGBT.




Já em 2011 reivindicamos a realização da 2ª Conferência Nacional LGBT, com as respectivas conferências municipais e estaduais LGBT, para que possamos avaliar e monitorar todas as ações executadas até agora para a construção da cidadania LGBT.


Esperamos que o exemplo da criação da Coordenação-Geral LGBT, na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, e agora a criação do Conselho Nacional LGBT seja seguido pelas 27 Unidades da Federação e os mais de 5 mil municípios brasileiros.






Informações Adicionais:
Toni Reis – Presidente da ABGLT – 41 9602 8906
presidencia@abglt.org.br
Carlos Magno – Secretário de Comunicação da ABGLT – 31 8817 1170
arlmagno@gmail.com

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Presentes Criativos



® Calendários de parede e calendários de mesa, Cartões de Natal, Mini Cartões para Presentes e Lembrancinhas de Aniversário. Você escolhe o tema, a cor e a foto. São mais de 200 motivos / temas.


® Caixas Personalizadas – Caixas em MDF personalizadas com suas fotos. Você pode escolher em torno de 60 fotos que serão editadas e aplicadas na caixa pré-pintada. Após a aplicação a caixa é envernizada.


® Camisetas Personalizadas – Você escolhe a cor, o tamanho e o motivo. As aplicações são em miçangas e lantejoulas, com materiais de alta durabilidade. As estampas mais pedidas são: Betty Boop, Flores, Hello Kitty, Pandas, Pucca e Sapatilhas.




OBS: Encomendas de outros estados, consultar valor do sedex.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Final de ano

Ok eu sei... não tenho mais tempo...



Não tenho escrito aqui no blog, não tenho estado em dia com meus contos para o PL e tenha deixado a companhia de lado, não acompanho mais os ensaios e só participo das reuniões onde a produção ou dinheiro é solicitado...


Mas outras coisas tem ficado de lado também. Meus 65kg que eu tanto brigava estão muito longe de mim e agora são quase minha meta já que estou com 76kg. Pois é! Quase 80 e foi por isso que eu que tanto detesto tomar remédios e ir em médicos, fui numa endocrinologista.


Eu nem sabia pra que servia uma endócrina (bom agora já descobri). O caso é que ela pediu um exame de sangue e depois de um mês voltei com o resultado. TUDO PERFEITO, pois é colesterol ruim baixo, colesterol bom alto, ácido úrico normal, triglicerídeos também.


OU SEJA,


Causa diagnosticada stress, ansiedade, entre outros.


Resultado: Diaforin, um toda manhã.


Bom, as coisas pareciam caóticas, mas nada comparado a eu descobrir que há mais de uma semana eu não tomava meu anticoncepcional. Sabe como eu descobri, sentindo cólicas, porque quando eu não o tomo, toda vez que fico nervosa menstruo. Legal né! Menos de sete dias depois estava eu sentindo dores e sangrando novamente.


Ai ai... mas isso não é tudo! Claro que não!


As leis de Murphy são cruéis e advinha o que vem em seguida!


O recesso do trabalho não vai ser o esperado de 15 dias e iremos parar apenas para natal e ano novo. Tá que eu pego férias depois, mas porra custava ajudar?


AHHHHHHHHH!


Eu sei que isso parece um post agorento, mas não é! Pelo simples fato de que depois da tempestade vem a bonança e em janeiro eu espero que ela venha com força total e duas vezes maior que os aborrecimentos deste final de ano.


Se bem que eu sempre acho que final de ano é caótico por natureza. Os loucos saem as ruas como se os hospícios tivessem aberto os portões para eles passearem, a hipocrisia de todos por causa do espírito natalino reinante assusta e tudo que tem pra acontecer acontece.






Final do ano passado eu tinha decidido casar... o que será que vem esse ano?? hehe






quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Acreditem ou não - Parte 5

Acreditem ou não – Parte 5


História de um amor verdadeiro, sincero e sublime...







Juliana hesita, mas atende o celular:


- Oi?


- Oi! Juliana?


- Raphaela?


- Sim, meu amor sou eu, ainda bem que foi tu que encontrou o celular, eu estava com tanto medo que tivesse sido sua mãe... Mas... Por que esse silêncio? Achei que ficaria feliz em ouvir minha voz, achei que estivesse com tanta saudade de mim quanto estou de ti.


Depois de alguns segundos de hesitação Juliana responde:


- Você mentiu para mim. Eu não sou seu amor, você tem outra, eu fui apenas mais uma.


- Não meu amor. De onde você tirou esta idéia? O que sinto por ti nunca senti por ninguém.


- Eu vi as fotos no seu celular não adianta mentir para mim, eu vi!


- Ah! Tu viu as fotos no celular! Meu amor me perdoe. Eu gostaria de ser tão pura para ti quanto tu és para mim, mas infelizmente eu tenho uma vida antes de ti da qual não me orgulho e que infelizmente não posso apagar. Essa menina na foto foi uma de tantas que passaram no meu caminho. Mas foi esse meu caminho torto que me levou até você.


- Eu me senti enganada, eu queria que você tivesse me contado antes. Foi horrível encontrar as fotos de vocês duas se beijando.


- Mil perdões, mas tudo aconteceu tão rápido com nós duas, ainda na tivemos tempo para falar mais sobre nossas vidas, eu sei que deve ter sido difícil para ti ver essas fotos, mas garanto que com o tempo nós nos conheceremos por completo. Eu prometo que isso não acontecerá mais, eu jamais esconderei algo de ti.


- Tudo bem eu entendo. Eu queria tanto te encontrar. Não sei se conseguirei sair de casa sem minha mãe. Preciso te ver! E não sei como faremos isso... (Juliana chora baixinho).


- Não chore meu amor. Tudo dará certo. Você pode dizer que precisa comprar alguma coisa para o colégio e pedir para ir com a empregada. Ou então que virá fazer algum trabalho aqui no centro na casa de alguma amiga... Já sei! Diga que tem um trabalho de pesquisa para fazer na biblioteca, e nos encontraremos lá.


- Mas até quando ficaremos assim? Nos vendo as escondidas?


- Juliana, meu amor por ti é algo inexplicável. Quando saí de sua casa ontem foi como se um pedaço de mim tivesse ficado. Senti meu coração despedaçado por te deixar lá. Eu não quero que isso aconteça mais. Eu quero que você fuja comigo.


- Fugir? Mas... Será? Minha família jamais aceitaria. Eu tenho medo do que eles possam fazer.


- Não tenha medo, eu estarei ao seu lado, e seremos apenas nós duas sem passado. Venha com as malas prontas me encontrar meu amor, pois teremos a nossa vida de agora em diante. Sem famílias, sem desavenças, só nós duas.


- Irei arrumá-las. Até amanhã meu amor. Não vejo a hora de estar em seus braços novamente.


- Eu também meu amor. Durma com anjos, pois a partir de amanhã serei eu que velarei teu sono.






***



Ao desligar o telefone Juliana se sentia perdida. Não sabia por onde começar. Sabia que não poderia levar muitas coisas até mesmo para não chamar a atenção de sua mãe. Pegou sua mochila do colégio e colocou o essencial.


Seu coração palpitava só de pensar que amanhã estaria mais uma vez nos braços da mulher que ama.


Seu devaneio é interrompido pela voz de sua mãe:


- Você está falando com alguém? Você está bem Juliana?


Enquanto sua mãe abria a porta Juliana fecha a mochila e senta na cama.


- Estou sim, eu estou falando sozinha, estava arrumando a mochila, pois amanhã tenho que fazer um trabalho na biblioteca.


- Você não tinha me falado isso! Amanhã não poderei te levar, tenho massagem, você vai ter que marcar outro dia.


Juliana fica nervosa, e se sua mãe não acreditasse nela? Resolve insistir.


- Não dá mãe, é trabalho em grupo. Mas não tem problema eu pego um táxi.


- Juliana você sabe que não gosto que você saia sozinha!


- Então eu vou com a empregada. Assim eu terei companhia para ir e voltar.


- Tudo bem, eu falarei com ela amanhã pela manhã. Boa noite filha.


- Boa noite mãe.






Sentiu um alívio quando sua mãe fechou a porta. Terminou de arrumar a mochila e deitou, sem sono, ansiosa pelo dia que viria.






***


Raphaela sabia que fugir era a única saída para elas, mas estava temerosa, teriam que ir para outra cidade, arrumar um lugar para morar, mas para onde iriam?


Sua cabeça fervilhava, mas seu coração estava certo da decisão tomada. Resolveu que não se preocuparia com isso agora, tinha algumas economias, sabia se virar e sabia que tendo Juliana a seu lado conseguiria fazer tudo que fosse preciso. Seria forte.






***


De manhã Juliana saiu de casa com a empregada rumo a Biblioteca. Suas mãos suavam, tentava disfarçar o nervoso, mas não conseguia parar de imaginar o reencontro. O caminho parecia mais longo do que o habitual e seu coração acelerava a cada metro percorrido.


Chegou a biblioteca exatamente na hora marcada. Ficou preocupada que Raphaela se atrasasse, pois assim que entrassem na biblioteca a empregada perceberia que na tinha ninguém do seu colégio ali. Abrindo a porta da biblioteca Juliana tratou logo de arrumar uma desculpa:


- Aposto que as meninas vão se atrasar! Sempre que marcamos trabalho é assim.


Mas nesse momento seus olhos se cruzaram com os de Raphaela que estava sentada em uma das mesas fingindo ler um livro.


Raphaela ao ver que Juliana estava acompanhada faz sinal para que ela a seguisse.


Juliana diz a empregada que irá procurar os livros para adiantar a pesquisa enquanto os outros não chegam. Ela responde dizendo que irá esperá-la perto da porta. Juliana segue o caminho traçado pela sua amada entre as prateleiras de livros e quando estavam num lugar mais escondido Raphaela vira e lhe agarra. As duas se abraçam forte como se não se vissem a uma eternidade. Como se todo aquele amor fosse resultado da procura das suas almas, de séculos de busca... Aos poucos vão afrouxando o abraço e seus lábios se encontram com um beijo demorado e cheio de carinho.


Ao descolarem seus lábios Juliana é tomada pelo desespero e dispara a falar, qual uma metralhadora, todas suas aflições: Estou preocupada, minha empregada está na porta e não deixará que eu saia sozinha. Não conseguiremos fugir. Meu amor eu tentei vir sozinha, mas minha mãe não deixou.












Raphaela com toda calma pegou a mão de Juliana e disse para se acalmar que tudo daria certo, elas conseguiriam ficar juntas. Pediu que respirasse fundo e a ouvisse com atenção, pois ela tinha passado a noite toda acordada pensando em um plano e que nada sairia errado.


Elas ficaram ali por muito tempo, uma explicando seu plano detalhadamente e a outra ouvindo o que parecia ser a maior loucura que alguém já havia lhe dito.


A empregada percebe que Juliana já está a muito tempo sumida e que ninguém mais chegou na biblioteca; resolveu ir procurá-la. Ao percorrer as prateleiras vê no fundo de um corredor um casal se beijando, e qual seu espanto quando percebeu que era Juliana junto de outra menina.


Assustada liga para a mãe de Juliana e conta o que está acontecendo. A mãe de Juliana aos gritos do outro lado da linha diz para ela que não deixe as duas saírem que ela estava indo imediatamente para lá.


Não demorou para que chegasse na biblioteca, a empregada a aguardava na porta:


- Onde estão elas?


- Estão escondidas num dos corredores entre as prateleiras.


Ensandecida ela vai em busca da sua filha, ao encontrá-la mais uma vez a arranca dos braços de Raphaela. Aos gritos xinga e humilha Raphaela, quem ela pensava que era para perverter sua filha. Entre injúrias ela arrasta Juliana para fora e ao tentar impedir Raphaela recebe um tapa.


Por mais que Juliana tentasse escapar não conseguia, foi tirada mais uma vez do seu amor. Sua mãe a jogou dentro do carro e partiu para casa dizendo que ela jamais voltaria a ver Raphaela. Que preferia ela morta a ter uma relação com outra mulher.






***






A próxima será a última parte da novela.




quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Dilma em Curitiba!

Pois é a Senhora Dilma esteve aqui em Curitiba no dia 21/10, uma quinta feira que por incrível que pareça era um dia ensolarado nessa cidade cinzenta.
Muitas pessoas compareceram, mas além dos movimentos sociais, sindicalistas, estudantes, tenho que dizer que fiqui realmente contente com a participação de alguns artistas da cidade.

Há muito acho que os artistas, que historicamente sempre estiveram envolvidos diretamente na polític desse país etão afastados, como se tivessem esquecidos que teatro é política. Política na sua essência de meio que comunica uma visão, uma opinião e traz discussão!

Some pictures, enjoy!


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Prologos na VI Mostra Cena Breve de Curitiba

Mais uma vez a Companhia SUBJÉTIL estará mais uma vez participando da Mostra Cena Breve de Curitiba. Quem puder conferir será dia 30/10/10 às 19h e 21h, no Teatro Novelas Curitibanas. Segue o Release da peça caso alguém queira ajudar a divulgar ;).



Release Companhia Subjétil






O Mito de Édipo Invade a Cidade






Em sua quinta montagem, “Οἰδίπους: Prologos”, a “companhia SUBJÉTIL” aborda o mito de Édipo para discutir as relações de poder do homem inserido no coletivo e como indivíduo. Para isto recorre à cidade como dramaturgia num processo onde o espaço fala por si. Com estréia na 6° Mostra Cena Breve, em Curitiba, no Teatro Novelas Curitibanas, no dia 30 de outubro, a companhia oferece ao público um novo olhar sobra a cidade, um olhar estético.


Com “Οἰδίπους: Prologos” a “companhia SUBJÉTIL” dá início a uma série de mostras de processo tendo o mito grego de Édipo como mote. O Projeto “Οἰδίπους” (Oidípous) prevê para o ano de 2011 pelo menos mais duas montagens: “Parado” e o “1° Episódio”. Nesta primeira abordagem do mito, “Prologos”, o homem é abordado como uma máquina desejante de poder. Para criar um discurso amplo e abrindo o mito para uma discussão atual o grupo de artistas envolvidos no projeto abandona as velhas formas de representação, baseadas em texto, para criar um diálogo direto com o público e como o espaço. Seguindo uma linguagem de Teatro de Invasão e Interferências Urbanas, a SUBJÉTIL, em seus processos ultrapassa a fronteira do teatro dialogando com a arquitetura, artes visuais, dança e performance art.


Esta é a segunda vez que a companhia participa da Mostra Cena Breve. Em sua primeira participação, em 2009, foi um dos destaques do evento com o espetáculo “Coração Acéfalo / Boca Desgarrada”, peça esta que foi selecionada pelo júri e público como uma das quatro melhores do evento. Com este resultado, além de participar da mini-temporada em Araucária com outras três peças selecionadas, a companhia foi convidada a representar a mostra paranaense em Manaus, no 2° Festival Breves Cenas e no 3° Festival de Cenas Curtas Dulcina de Moraes, em Brasília; além de ter participado da 11° Festival Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte.


A peça “Οἰδίπους: Prologos”, após sua estréia na 6° Mostra Cena Breve, fará uma temporada no mês de novembro em Curitiba, na Praça 29 de Março (com datas e horários a serem definidos). Nesta temporada o espetáculo, por se realizar em um espaço diferente, ganhará novas formas devido à apropriação do lugar e as relações estabelecidas com o público. Tal apropriação e reformulação da forma do evento é referente a pesquisa da companhia que visa em suas montagens a realização de acontecimentos e não reprodução da obra teatral.






Companhia SUBJÉTIL:

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

MAIS um desabafo!




Algumas pessoas disseram que não conseguiram ouvir, mas é que o volume está bem baixo... Imagino que seja por isso... Tentem o volume máximo, caso não dê comentem que eu troco o audio.







quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Visibilidade Lésbica

Galera to postando aqui por achar um texto curto, bom e direcionado para os sindicalistas.

Visibilidade Lésbica: o quê que eu tenho a ver com isto?
Por Deise Recoaro – Secretária de Políticas Sociais da Contraf/CUT.


O dia 29 de agosto foi escolhido pelos movimentos sociais como o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, para unificar ações e eventos que envolvem datas como o dia 19 de agosto 1983, quando ocorreu manifestação no bar de São Paulo pela liberdade de expressão lésbica. Mas vocês podem estar se perguntando: por quê dar visibilidade para uma questão que é de fórum íntimo? Ou ainda se perguntar, por quê nós sindicalistas devemos referendar esta data nos nossos materiais de comunicação?


Ora, normalmente as pessoas heteroafetivas ou heterossexuais não tem o menor problema em manifestar seu carinho, afeto ou cuidado com seus respectivos ou respectivas companheiros ou companheiras. Porém, esta mesma atitude partindo de relações homoafetivas ou homossexuais pode desembocar numa verdadeira desgraça na vida de mulheres e homens que amam pessoas do mesmo sexo. Um gesto de carinho pode se transformar numa demissão, numa agressão ou até a morte de quem se atrever a ser diferente nesta sociedade.


Ser lésbica numa sociedade onde a figura da mulher é usada como mercadoria para atrair consumidores masculinos, numa sociedade que, em geral, se conforma com a morte de uma mulher porque ela era “garota de programa” de famosos, ou que qualquer descontentamento feminino é classificado como coisa de “mal amada”, é colocar em xeque as relações de poder culturalmente estabelecidas no esquema de mando e obediência.


Dar visibilidade é mostrar que elas existem, que elas são pessoas dignas de direitos, que elas querem formar famílias, construir patrimônios e usufruir proteções que relacionamentos estáveis merecem. A categoria bancária já deu um passo decisivo para garantir esses direitos, ao incluir na Convenção Coletiva uma cláusula de isonomia de tratamento para casais homoafetivos. Mas não basta ter no papel se, por exemplo, uma mulher lésbica temer fazer uso do direito sob o risco de sofrer represália ou perseguição. Ela tem o direito de reservar-se com relação a sua orientação sexual, é claro. Porém, o dia da visibilidde lésbica é a oportunidade de muitas mulheres expressarem seu amor (em que pese que isto signifique arriscarem suas próprias vidas) para que outras tenham o direito de simplesmente existir enquanto tal.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Eu e minha boca grande

Então a história é a seguinte.
Em maio (se não me engano) recebi o e-mail sobre um casting para o filme “Circular”.
Acontece que me ligam e me chamam para fazer figuração, aquela famosa pontinha, seriam 6h de gravação no sábado a noite dia dos namorados. Claro que a excelentíssima ficou brava, mas ah... além de atuar eu iria ganhar 50 pila, e dinheiro assim é sempre muito bom.


Ok, mandaram eu ir de roupa social, que aliás eu não tenho. Fuça daqui, mexe dali e peguei roupas da namorada pra ir na tal gravação. Chega lá mandam eu aguardar.


Aguardar? Esperar? Quer coisa pior pra minha pessoa do que isso?


Resultado = A insegurança foi batendo, eu fui vendo mulheres lindas e ficando um tanto quanto desesperada. E o que eu resolvi fazer??
Fumar? Conversar? Comer?
Nãaaaaaaooooo!


Eu fui perguntar para o figurinista se minha roupa estava apropriada, porque morava perto e poderia ir trocar caso quisessem.
Neste momento passa a produtora e diz, “A moça que seria a garçonete não virá, precisamos encontrar outra pessoa. Aliás você tem um rosto bonito, poderia ser a garçonete”
Ua ua ua ua uammmmmm... (aquele som que faz quando alguém erra na gincana sabe)


Eu seria a garçonete, putaquepariu eu e minha boca grande.
Bom nos primeiros segundos desse vídeo vcs vem um capacete loiro passando, sou eu.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Acreditem ou não - Parte 4



OK OK, eu sei que o audio desta vez ficou horrível, mas foi o que consegui fazer ora o telefone tocando ora alguém entrando na minha sala...

Sorry girls

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sumiço por causa do trabalho e do vanish

Adivinha???
Isso mesmo!!!
Eu vim mais uma vez explicar o meu sumiço, só para variar...


Mas dessa vez digamos que tenham fatos novos, e de certa forma extraordinários que justificam meu sumiço.


Tudo começa com a promoção no emprego (lembra?), daí parte para as viajens... trabalhar final de semana direto e tudo o mais, sobrecarga de trabalho.
Agora imagina como isso foi bombástico para mim. Eu estava trabalhando na recepção, só atendia telefone, não tinha o que fazer, tanto é que para ocupar meu tempo ocioso me candidatei a colunista do PL, postava frequentemente (ou não tanto) no blog, fazia os trabalhos da faculdade e aprendia a dar uma de produtora da Companhia.

Daí que me formei e a Cida resolveu voltar para Paranavaí deixando seu cargo de Assessora da Formção em aberto, o qual eu almejava e que agora poderia me candidatar. Abriu o edital e entre trancos e barrancos por motivos que um dia conto melhor eu passei.

Mas peguei o bonde andando, literalmente... agenda para todos os finais de semana de maio a julho... planilhas, livros e mais livros para saber os assuntos aos quais estava ministrando um curso...

Tá mais agora acostumando um pouquinho mais com o ritmo... resolvo me mudar (por motivos que quem sabe um dia com mais paciência eu explique).

Dia 27/07 eu e a Eri já havíamos desmontado beliche e começado a empacotar roupas e etc. Dia 29/07 colocamos TUDO que era nosso no quarto. Deitamos e lá pelas 2h da manhã como é de costume a Eri fica com sede e bebe sua garrafinha de àgua, não satisfeita resolve procurar outra, tateia o chão e encontra outra, chacoalha, vê que tem pouco líquido mas resolve beber. Toma um gole e diz:
-Baby, tomei produto de limpeza.

Desse instante para o hospital não se passaram mais que cinco minutos imagino eu.

Resultado: 05 dias de internação por causa de um gole de vanish que era guardado numa garrafinha de àgua vazia. Muito medo da minha parte de perdê-la e muitos remédios que ela terá de tomar por 6 meses.

Nestes 5 dias fiquei dormindo no hospital porque havia levado a mudança na sexta feira sozinha e não tinha ido arrumar e montar as coisas. Na terça quando ela saiu a chamei a Paty que nos ajudou a tarde todana limpeza, montagem e etc do novo lar hehe...

Coisas do passado tão presente...

Há tempos não coloco minha morbidade por aqui;... e porque não compartilhar de coisas que me atraem...

Muitos dizem que é fase é coisa de adolescente, que um dia passa... Mas mu fascínio pelo sangue, pelo corte, pela morte e o corpo morto e inerte, é tão antiga...

E ao contrário do que dizem, gosto desse meu lado, acredito que ele me ajudou a me formar a pessoa que sou, do jeito que sou e de como enfrento ou não a vida.

Admito, às vezes perco o controle, mas quem não perde?

É a balança da vida... a eterna roda da fortuna, até que um dia a tesoura escorrega e a moira corta o fio.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A torre das donzelas

Pode parecer campanha, pensem o que quiserem eu gosto da candidata!!

Quem quiser ver a matéria na Isto é (http://www.istoe.com.br/reportagens/paginar/83253_A+TORRE+DAS+DONZELAS/4)

Como era a vida de Dilma Rousseff na masmorra que abrigava presas políticas durante o regime militar no presídio Tiradentes

Luiza Villaméa e Claudio Dantas Sequeira

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MARCO
Portal tombado pelo patrimônio histórico é o que restou do presídio

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Durante quase três anos, Dilma Rousseff, a candidata do PT à Presidência da República, morou na Torre das Donzelas. A construção colonial não pertencia a nenhum palácio. Encravada no presídio Tiradentes, em São Paulo, ganhou o singelo nome por abrigar presas políticas do regime militar. Para chegar à Torre, Dilma e suas companheiras atravessavam um corredor com celas em uma das laterais. Os cubículos eram ocupados pelas corrós, as presas correcionais, tiradas de circulação por um mês, em geral por vadiagem ou prostituição. Essas mulheres costumavam ficar seminuas ou com a roupa virada pelo avesso, para se apresentarem em trajes limpos quando liberadas.

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COMPANHEIRAS DE CADEIA
Dilma, Eleonora, Guiomar, Rose e Cida na época em que foram presas

“Terrorista! Linda! O que você está fazendo aqui?”, gritavam as corrós ao verem passar uma nova presa política. Depois do corredor, havia um pequeno pátio. Em seguida, vinha a Torre. Dilma atravessou o corredor das corrós em fevereiro de 1970, aos 23 anos, após mais de 20 dias nos porões da repressão política. “Ela chegou fragilizada pela tortura, mas logo se recuperou”, lembra a jornalista Rose Nogueira, 64 anos, que passara pelo mesmo processo três meses antes.

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O presídio Tiradentes, onde Dilma esteve presa, já havia sido usado para encarcerar
os estudantes detidos no Congresso da UNE em Ibiúna (SP), em 1968.
Na era Vargas também abrigara presos políticos, entre eles o escritor Monteiro Lobato

Ao entrar pela primeira vez na Torre, Dilma viu as celas pequenas do térreo e duas escadarias laterais que saíam de uma espécie de hall e se encontravam no piso superior. Nesse andar, havia a cela 4, chamada de celão, pois se espalhava por 80 metros quadrados. Tinha também a cela 5, mais tarde adaptada como cozinha, e a 6, que Dilma dividiu com outras mulheres. “No começo, ficávamos na tranca o tempo todo”, conta a advogada Maria Aparecida Costa, a Cida Costa, 65 anos, uma das ocupantes da cela 6. Depois de algumas semanas e muitas reivindicações, as celas passaram a ficar abertas durante o dia.

Não demorou para que as donzelas da Torre se agrupassem, primeiro com base nas organizações clandestinas às quais pertenciam no “mundão”. Porque a Torre, no vocabulário das presas, era o “mundinho”. Mas as afinidades pessoais também contavam muito, como relata a médica e pesquisadora Guiomar Silva Lopes, 66 anos. “No mundão, o vínculo era de vida e morte”, diz Guiomar. “Na cadeia, estabelecemos uma relação de confiança inabalável.” Dilma é até hoje lembrada pelo espírito solidário. Durante um período, cuidou de uma estudante de arquitetura. “Quando a menina chegou da tortura, estava muito desestruturada emocionalmente”, afirma a advogada Rita Sipahi, 72 anos. “A Dilma ficou de olho nela o tempo todo para evitar que cometesse algum desatino.”

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Com a possibilidade de circular entre as celas, as presas políticas tentavam curar as feridas umas das outras e também se organizavam. Havia escala para as tarefas da limpeza e da cozinha. Com os víveres levados pelas famílias, elas preparavam as próprias refeições. Algumas conseguiam bons resultados, embora só contassem com dois fogareiros elétricos. Outras, nem tanto. A dupla mais desastrada na cozinha era formada por Dilma e Cida. “Não dominávamos a arte do tempero”, reconhece Cida. Numa ocasião, as duas resolveram caprichar no preparo de um prato de legumes. Acabaram servindo uma sopa de quiabo intragável. “Ficamos um pouco frustradas com o resultado, pois havíamos nos esforçado.”

Dilma se sobressaía nos grupos de estudo. “Ela é muito engenhosa na macroeconomia”, elogia outra companheira da Torre, a economista Diva Burnier, 63 anos. Na cadeia, Dilma, que abandonara a faculdade por causa da clandestinidade, dava aulas de economia para as colegas e participava dos debates. Num deles, defendeu a ampliação dos limites marítimos do Brasil. “Embora fosse uma iniciativa dos militares, Dilma apoiava, pois acreditava ser uma questão de soberania”, recorda Rose. “Hoje é fácil perceber a importância daquela decisão, tanto por causa da biodiversidade como pelo pré-sal.”

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Diante do Tiradentes, mães de estudantes fazem protesto contra a prisão de seus filhos. As mães das “donzelas da Torre” chegavam para as visitas nas tardes de sábado. Era o contato delas com o “mundão”

Aos 82 anos, a advogada Therezinha Zerbini, mulher do general Euryale de Jesus Zerbini, cassado em 1964, também recorda de Dilma com admiração. Presa na Torre durante o ano de 1970, Therezinha se destacava tanto pela origem quanto por ser uma senhora entre a população carcerária extremamente jovem. “As amigas dela me chamavam de ‘burguesona’ e ela me defendeu. Ela tinha uma liderança nata”, diz Therezinha. Quando precisava, Dilma endurecia. No final do ano, Therezinha estava bordando o vestido que a filha usaria no Réveillon quando um grupo de militares a procurou. “Acho que queriam me convencer a entrar num programa de arrependidos”, diz, referindo-se aos presos que foram à tevê renegar a opção pela resistência ao regime. “Não quis atendê-los. Eles voltaram mais tarde e, quando eu estava mandando-os ir embora, a Dilma gritou: ‘Dá duro neles, Therezinha. Se precisar, nós colocamos todos para fora’ .”

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Naqueles tempos, a atitude desafiadora só seria possível mesmo no presídio Tiradentes. Como muitos torturadores costumavam repetir durante as sessões que promoviam, o Tiradentes “era o paraíso”. Isso porque, ao entrar no presídio, a pessoa estava com a prisão reconhecida pelo Estado. Às vezes, era levada para interrogatórios em outras instituições, mas praticamente não corria risco de morrer ou “desaparecer”. Na escala macabra estabelecida nos porões do regime, a Operação Bandeirante (Oban) era o inferno, ficando o purgatório por conta da Delegacia Estadual de Ordem Política e Social (Deops). Como várias companheiras de cadeia, Dilma passou pelo inferno e pelo purgatório antes de chegar à Torre.

Por conta das sevícias, sofreu uma disfunção hormonal que levou anos para ser curada. Não perdeu, porém, o gosto pela vida. Com Cida, passava horas lendo os livros de ficção científica. Quando o rodízio do único aparelho de tevê da Torre caía em sua cela, entrava na madrugada vendo os filmes da sessão “Varig, a dona da noite”. Aprendeu até a bordar. “Ela fez uma tapeçaria com flores coloridas, que colocamos na parede”, lembra Rose. Na Copa do Mundo de 1970, acompanhou os jogos de perto. “A Dilma torceu muito pela Seleção Brasileira”, diz a socióloga Rosalba de Almeida Moledo, 66 anos.

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Criado em 1852, o presídio Tiradentes recebeu no começo escravos recapturados.
A Torre das Donzelas, onde ficaram Dilma e suas companheiras, é a construção redonda ao centro. Todo o complexo foi demolido a partir de 1973, durante a construção do metrô

No período em que o advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo, seu companheiro, permaneceu encarcerado no Tiradentes, Dilma se comunicava com ele com a ajuda dos presos comuns. A rota usada por ela e outras presas políticas consistia em baixar mensagens por meio de uma corda artesanal, chamada “teresa”, para a carceragem dos “comuns”, que ficava embaixo da Torre. “De cela em cela, as mensagens chegavam ao destinatário, na ala dos presos políticos”, comenta Guiomar. “O recurso também era fundamental para sabermos o que estava acontecendo lá fora.”

Outro canal com o “mundão” eram as visitas, nas tardes de sábado, a maioria proveniente da capital paulista. “Nossas famílias, de Belo Horizonte, não conseguiam viajar com tanta frequência”, diz a pró-reitora da Universidade Federal de São Paulo, Eleonora Menicucci de Oliveira, 66 anos. “De qualquer forma, a mãe da Dilma e o irmão dela conseguiam vir bastante. Era uma alegria.” Para a mãe e as irmãs de Eleonora, viajar era mais complicado. Elas cuidavam de Maria, a filha de Eleonora, que tinha apenas um ano e dez meses quando a mãe foi presa.

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Conhecidas desde os tempos em que estudavam em Belo Horizonte, Dilma e Eleonora comemoravam com as meninas da Torre o Natal, o Réveillon e o Carnaval. As fantasias eram improvisadas, é claro, mas havia até desfile no “celão”. No caso de Dilma, as estratégias para manter o moral elevado atrás das grades também passava pelo humor. “Ela pôs apelido em todas nós”, conta Rita. “Uma era a Ervilha, outra a Moló, porque tinha jogado um coquetel-molotov em uma ação.” Essa faceta pouco conhecida de Dilma é ressaltada por outras entrevistadas. “Ela tem um humor impagável”, garante Eleonora. Quando a hoje presidenciável deixou a Torre, as companheiras de cadeia repetiram o ritual criado para o momento da libertação: cantaram “Suíte do Pescador”, de Dorival Caymmi, que começa com o verso “Minha jangada vai sair pro mar”. Quase 40 anos depois, tudo o que sobrou do presídio foi o portal de pedra, tombado como patrimônio histórico. No final de 1972, a construção de 1852 começou a ser demolida, para a construção do metrô paulistano.