Eu sei... eu deveria procurar um emprego novo, há quatro anos me vejo no mesmo lugar, sem possibilidades de crescimento, vendo injustiças, testes do sofá, etc... Mas sei que sou acomodada, ou melhor, que sou medrosa.
É isso mesmo! Eu Jils, sou uma grandessíssima cagona.
Alguns vão discordar, eu sei, talvez pelo fato de que tenha ido morar junto com uma pessoa que havia visto três vezes na minha vida toda.
Mas o que não entendem (e nem ao menos eu entendo) é que nessa situação eu sei como as coisas vão acontecer (ou ao menos acredito que sei).
Mas “trabalhísticamente” falando, eu sempre fui medrosa. Eu sei que tenho capacidade de mais, de ganhar mais, de ter mais responsabilidade, de desempenhar uma função mais complexa e vários mais... MAS... eu não me arrisco e me prendo a falsas comodidades que eu acredito ou me engano que existem no meu emprego.
Tá!... poder ir trabalhar com minhas roupas velhas, o cabelo roxo, loiro, laranja, rosa e etc, é muito bom... Mas será que nenhum outro lugar me aceitaria desta forma? Será que minha aparência necessariamente diz o quão qualificada eu sou ou não para uma função?
Deixe-me contar uma história...
Há algumas semanas eu recebi uma indicação de uma amiga de SP para uma vaga de assistente de produção no Teatro Oficina. E por incrível coincidência do destino eu estava no dia seguinte indo para SP para o encerramento da Marcha Mundial das Mulheres, e poderia sim fazer a entrevista.
Meu estômago e minha cabeça me remoeram desde a notícia, os cigarros queimavam um após o outro, num misto de desespero e ansiedade. Era uma oportunidade única e eu sabia disso, mas meu grande medo não era ser reprovada e não participar do projeto, mas justamente o contrário. Meu medo era largar essa minha vidinha planejada que vivo, onde conheço minha cidade suficientemente bem para saber onde posso ou não andar, onde tenho um emprego estável mesmo não me satisfazendo, onde tenho pessoas queridas para as quais posso correr em caso de desespero e para onde acabei de arrastar alguém de SP para vir morar comigo....
Não dormi a viagem toda (óbvio)... Mas fiz a entrevista... e tirando o fato de que quando disse que tinha 22 anos a mulher comentou:
- “Novinha não, qual a sua experiência?”, ao qual eu respondi
- “Trabalho como auxiliar administrativa desde os 15, co teatro desde os 17 e como produtora desde os 19”.
- “Precoce você hein!”
- “Quando se quer sair de casa cedo, é isso que acontece”.
OK. Resultado da ópera.
Não me chamaram, porque alguém resolveu retirar a vaga para colocar mais alguns atores no projeto.
Alívio não?
É, mas daí fica a dúvida, vou ficar pra sempre na INÉRCIA? Nunca vou explodir pra vomitar o que está entalado na garganta, pra buscar algo realmente me satisfaça financeira e intelectualmente?
Ai... (suspiros) chego a duvidar de mim mesma nessas horas.