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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Dia da Consciência Negra e votação do PLC122

Texto publicado dia 20/11/13 no site Parada Lésbica http://paradalesbica.com.br/2013/11/dia-da-consciencia-negra-e-votacao-do-plc122/

Hoje Dia da Consciência Negra (20 de Novembro), é uma dia para se lembrar da dívida histórica que temos com o povo negro. Dívida sim! Presente no nosso cotidiano quando os números de várias pesquisas mostram que os negros recebem menos que os brancos e que a juventude negra está sendo exterminada.
“De acordo com o estudo ‘A cor dos homicídios no Brasil’, feito pelo coordenador da área de estudos da violência da Faculdade Latino-Americana (RJ), Júlio Jacobo Waiselfisz, de 2001 a 2010, a morte de jovens brancos no país caiu para 27,1%, a morte de jovens negros cresceu para 35,9%”.

Se o racismo tão negado pela sociedade brasileira faz isso com a população negra, o que dizer das mulheres negras?
Segundo pesquisa do IPEA em parceria com a UNIFEM as mulheres negras estão expostas a “múltiplas formas de discriminação social (...), em consequência da conjugação perversa do racismo e do sexismo, as quais resultam em uma espécie de asfixia social com desdobramentos negativos sobre todas as dimensões da vida” (Revista Estudos Feministas).
Os dados da violência contra a mulher dão um exemplo deste citado “desdobramentos negativos”, quando mostram que 61% das mulheres assassinadas são negras.

Mas não paremos aí, se estamos falando na somatória das mais variadas formas de discriminação e preconceito, precisamos falar das mulheres negras lésbicas ou bissexuais. Que são atingidas de maneira cruel por uma sociedade que invisibiliza a violência praticada dia a dia contra elas, seja através da exclusão, falta de oportunidade de estudo e emprego, e também presente no padrão de beleza branco que não as reconhece.

Por isso esta data é tão importante para a conscientização da sociedade, para o empoderamento da população negra e reconhecimento de sua história não como “a parte” do Brasil, mas como pilar fundante deste país.

E esta data tão simbólica também é o dia em que mais uma vez o PLC 122 (projeto que equipara a homofobia ao crime de racismo) foi colocado em pauta para votação do Senado, mas por pressão da bancada evangélica foi retirado.

Continuamos na luta!

Viva Zumbi! Viva Dandara!
Viva Éllen Oléria!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Vamos votar em "Elvis e Madona"

Divulgo aqui o e-mail que recebi sobre o filme "Elvis e Madona" que está concorrendo ao Prêmio Netflix. VAMOS VOTAR!


Prezad@s Senhor@s, pedimos sua atenção, apoio, voto e contribuição na divulgação da nossa campanha.

“Elvis e Madona”, o filme que revolucionou a formar de abordar a temática LGBT e as relações homoafetivas, mostrando a divertida comédia romântica entre a travesti Madona (Igor Cotrim) e a lésbica Elvis (Simone Spoladore), é um dos 10 finalistas do Prêmio Netflix, cujo vencedor será disponibilizado para mais de 35 milhões de usuários ao redor do mundo.


A votação on-line acontece no site:  http://premionetflixbr.com/movie/3


“Elvis e Madona” foi exibido em mais de 30 festivais internacionais, tais como os prestigiados Tribeca e Warsaw Film Festival ,  tendo recebido o prêmio de Melhor Filme pela escolha do público em Paris, Oslo e Milão, além de outros 25 prêmios em diversas categorias. Também foi o grande vencedor do Prêmio da Associação dos Correspondentes Estrangeiros de 2013, com os troféus de Melhor Ator (Igor Cotrim), Melhor Atriz (Simone Spoladore), Melhor Diretor (Marcelo Laffitte) e Melhor Filme.
Contudo, um dos prêmios mais significativos do filme foi o 3º Prêmio Cláudia Celeste de Direitos Humanos, Cultura, Saúde e Cidadania, concedido pela Associação das Travestis e Transexuais do Estado do Rio de Janeiro – Astra Rio, na categoria Cinema.
O filme foi escrito, produzido e dirigido por Marcelo Laffitte, e também conta na ficha técnica com artistas importantes da nossa cultura, tais como Maitê Proença, Elza Soares, José Wilker, Gilberto Gil, LanLan, Buza Ferraz e outros.
A escolha será feita por voto direto dos usuários do Facebook e do Twitter, sendo que cada conta dá direito a um voto, ou seja, quem possuir as duas contas, poderá votar duas vezes.

Assim, solicitamos seu voto e a divulgação de nosso trabalho.

Grande abraço,
Marcelo Laffitte e equipe do "Elvis e Madona"

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Mudei o endereço das minhas mídias sociais

Aviso a todos que o endereço (link)
das minhas mídias sociais mudaram.

Twitter: @JulianaSouzaPT



Inclusive a deste Blog que agora é  http://julianasouzapt.blogspot.com.br/

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Campanha contra a homofobia no RS

Campanha do Rio Grande do Sul contra a homofobia tem o tema "Amor, seja como for: Respeitar a diversidade é promover a igualdade" e está sendo vinculada em ônibus e outdoors de Porto Alegre, desde segunda (26/08).




Mais informações no site: http://www.estado.rs.gov.br/noticias/1/93417/Governo-do-Estado-lanca-campanha-contra-a-homofobia/14/258//

terça-feira, 27 de agosto de 2013

29/08 Dia Nacional da Visibilidade Lésbica




No dia 29 de Agosto de 1996 aconteceu o I Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), no Rio de Janeiro, com o tema “Visibilidade, Saúde e Organização”. Reuniu cerca de 100 mulheres lésbicas e bissexuais, para debater temas como: lesbianidade, proteção de DST      e HIV/AIDS, cidadania e estratégias de atuação nos variados movimentos que participam.

Em homenagem a este importante encontro foi definido que dia 29/08 é o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica.

Visibilidade?
Sim, pois em toda história as mulheres foram esquecidas/apagadas, sendo apresentado apenas o homem como sujeito de ação e mudanças históricas. E se isto aconteceu com as mulheres o que dizer das mulheres lésbicas e bissexuais?
Por isso a importância de dar visibilidade às suas histórias e assim conseguir espaço na sociedade, seja no mercado de trabalho, na educação, no movimento feminista, movimento LGBT entre outros.
Esta data, além do dia 28/06 (Dia do Orgulho Gay), é uma forma de reconhecê-las como parte da história e das lutas pela liberdade de amar, viver e ser da forma que desejarem.
Um exemplo desta luta foi a colocação da letra “L”, como primeira letra da sigla do movimento que luta pelo reconhecimento e respeito de pessoas com uma orientação sexual e/ou identidade de gênero diferente. O que representa o compromisso do movimento em reconhecer a necessidade da defesa das especificidades da luta e para quebrar a invisibilidade das mulheres reproduzida, através dos meios de comunicação e culturalmente, pela sociedade.

É o dia para a gente gritar, divulgar e visibilizar nossas bandeiras pelo fim do machismo, da bifobia e da lesbofobia! Pelo fim do controle dos nossos corpos e desejos! Pelo fim de uma sociedade sexista e heteronormativa!









Links relacionados:

quarta-feira, 5 de junho de 2013

INFORME E DENÚNCIA


INFORME E DENÚNCIA

Tenho sofrido ameaças por telefone e e-mails, que representam o quanto as pessoas são conduzidas pelo sentimento de ódio ao que acreditam ser diferente das regras normativas da sociedade machista, patriarcal e heteronormativa. São difamações, calúnias e ameaças de morte.
O mais recente ataque foi a criação de perfis falsos em redes sociais e comentários em meu nome em blogs de grande repercussão.
A tentativa é atacar minha vida militante, pessoal e profissional, a partir da minha sexualidade, de forma violenta, covarde, intolerante e com completo desrespeito.
Estas pessoas desconsideram que sou uma cidadã que trabalha, paga impostos e compartilha os direitos e deveres constitucionais. E acredito, sonho e luto para que estes direitos sejam garantidos à todas as pessoas, assim como a liberdade e a igualdade de oportunidade, independente da raça, etnia, gênero, crenças e orientação sexual.  
Tenho atuado no movimento de defesa dos direitos LGBT, militando em diversos segmentos e isso incomoda aos que não aceitam a DIVERSIDADE SEXUAL e que promovem a violência através das ameaças.
Dito isto, venho denunciar os fatos e informar que estou tomando as medidas legais e cabíveis para descobrir os autores das ameaças e dos “fakes”.
Aproveito para informar que mantenho como canal oficial de comunicação apenas um blog (http://jilsdead.blogspot.com) e uma fanpage no Facebook (www.facebook.com/JulianaSouzaPT). E peço que se você receber convites de um perfil, ou ver comentários em meu nome com palavras ofensivas e discriminatórias, use estes canais oficiais para me comunicar.
Esta atitude me ajudará a combater esta violência.


Curitiba, 05 de Junho de 2013.

Juliana Souza

terça-feira, 4 de junho de 2013

Manifesto do Congresso da ABGLT

Estado Laico, Democracia e Direitos Humanos

No dia 13 de Maio de 2013 realizamos na cidade de Brasília, Distrito Federal, o Congresso Extraordinário da ABGLT sobre o Estado Laico com o tema “Estado Laico, Democracia e Direitos Humanos”. Esta é a primeira vez que fazemos um Congresso para tirar uma posição política sobre um tema específico, neste caso a Laicidade do Estado.

Nossa Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, a ABGLT, tem 18 anos de existência, coroando o esforço de milhares de militantes LGBT que desde a assembleia de fundação em 1995 vêm se dedicando ao fortalecimento de uma entidade que congregue a maioria das organizações que lutam pelos direitos e pela cidadania LGBT no Brasil. Hoje somos 286 entidades afiliadas e considerada a maior associação LGBT da América Latina.

Sabemos da importância que as iniciativas dos primeiros grupos homossexuais constituídos no final dos anos 70 e começo dos 80 do século passado tiveram para que chegássemos a este momento, pois foi o exemplo de que somente a luta coletiva e organizada pode ter êxito contra a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.

Diante de uma conjuntura muito particular, em que os direitos humanos e o princípio do Estado laico e a democracia do país estão sendo brutalmente atacados, a ABGLT neste Congresso discute e aprova as seguintes Resoluções:

- Considerando que nestes 18 anos, nossa mobilização contribuiu para que o Estado brasileiro passasse por importantes transformações do ponto de vista da institucionalização das políticas públicas de promoção dos direitos humanos da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais;

- Considerando que nossos primeiros avanços ocorreram em diversos municípios e estados onde conquistamos legislações de combate à discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, bem como de reconhecimento de nossas datas comemorativas (29 de Janeiro – Dia da Visibilidade Trans, 17 de Maio – Dia Contra a Homofobia e Transfobia, 28 de Junho – Dia do Orgulho LGBT, 29 de Agosto – Dia da Visibilidade Lésbica) e de ações afirmativas na educação e na saúde;

- Considerando que todos os avanços provocaram, em contrapartida, um crescimento da organização dos setores conservadores e um recrudescimento das ações dos fundamentalistas religiosos, que têm conseguido uma maior capilaridade política e capacidade de pressão sobre os diferentes governos;

- Considerando que na democracia pluralista igualitária brasileira são garantidos a todas as pessoas a liberdade de expressão, a liberdade de crença, o livre exercício do culto e o direito da pessoa não ter nenhuma crença ou religião, desde que não firam a dignidade humana de outrem;  

- Considerando que o Brasil é um Estado laico, no qual não há nenhuma religião oficial. Um Estado laico não é um Estado ateu ou intolerante às liberdades religiosas. Em um Estado laico, não há nem perseguição religiosa nem proteção às religiões. É exatamente a laicidade do Estado o que permite que cada indivíduo decida se quer comungar de determinadas crenças religiosas. Em um Estado laico, os órgãos públicos devem ser neutros em matéria religiosa. Isso não significa que quem os integra não possa professar suas crenças individualmente ou com suas famílias e tampouco que sua liberdade de expressão religiosa possa ser cerceada. Significa apenas que sua atuação profissional não deve se pautar pelas suas crenças religiosas (adaptado de Diniz, 2011);

- Considerando que o artigo 19 da Constituição Federal estabelece que “é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”;

- Considerando que a campanha presidencial de 2010 foi um momento de profundo tensionamento do campo conservador sobre as candidaturas de maior expressão de votos, as quais recuaram e assumiram publicamente o descompromisso com propostas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a legalização do aborto, e provocaram ainda um congelamento de outras agendas fundamentais dos direitos humanos;

- Considerando que a violência motivada pela intolerância à diversidade sexual, à livre orientação sexual e identidade de gênero, que já atingia em grande número a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, mais recentemente tem vitimado inclusive pessoas heterossexuais, o que evidencia a situação alarmante a que chegamos, além de militantes do movimento LGBT também terem passado a ser alvos desta violência.

A ABGLT resolve:

Implementar uma campanha nacional em defesa do Estado Laico, da Democracia e dos Direitos Humanos;

Orientar o conjunto de suas afiliadas para que se articule, incorpore e construa o Movimento Estratégico pelo Estado Laico, por meio de Comitês nos estados e municípios;

Orientar o conjunto de suas afiliadas para que apoiem Frentes Parlamentares LGBT e de Direitos Humanos no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas Estaduais e nas Câmaras Municipais;

Combater os avanços do fundamentalismo e do retrocesso dos princípios e valores democráticos que se evidenciam quando vimos leis com objetivos como os do Projeto de Decreto Legislativo 234/2011, que visa sustar a aplicação do Parágrafo Único do Artigo 3º e Artigo 4º da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1, de 23 de março de 1999;

Defender a aprovação do Projeto de Lei da Câmara nº 122/2006 no Congresso Nacional e a consequente aplicação da lei que prevê a punição no Brasil doscrimes de ódio e de intolerância, sendo estes os praticados por motivo de discriminação ou preconceito de identidade de gênero, orientação sexual, idade, deficiência ou por outro motivo assemelhado, indicativo de ódio ou intolerância;

Entrar massivamente nas discussões e mobilizações, como parte da nossa agenda cotidiana, as reformas hoje urgentes à democracia brasileira, em especial a Reforma Política que tenha no seu bojo o financiamento público de campanhas eleitorais, o voto em lista – com respeito à diversidade sexual, às questões de gênero, à raça e geração – o Marco Regulatório das concessões públicas dos meios de comunicação – para que sejam respeitados os preceitos democráticos constitucionais inclusive o artigo 19 que veda a subvenção de cultos ou igrejas –, bem como a ampliação dos instrumentos de participação popular;

Intensificar o caráter de mobilização de lutas, ampliando o diálogo com outros movimentos sociais e populares, universidades e entidades de classe, entre outros;

Por fim, é preciso rediscutir nossa relação com o governo, na posição de movimento social, garantindo a nossa independência e autonomia frente a qualquer governo.

Neste sentido, nós nesse Primeiro Congresso Extraordinário da Associação Brasileira de Lésbicas, Gay, Bissexuais, Travestis e Transexuais, defendemos incondicionalmente o Estado Laico, a Democracia e os Direitos Humanos!

Avante ABGLT, para seguir em frente!

ABGLT- Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

Brasília, 13 de Maio de 2013

Endossam este Manifesto as seguintes instituições e indivíduos:


Instituição  / Nome                                        Cidade/UF

(assinar)

Assinam as 286 organizações afiliadas da ABGLT:

terça-feira, 21 de maio de 2013

Bancada evangélica se recusa a ouvir fala do movimento LGBT


Ontem (dia 20/05) participei da Tribuna Livre na Câmara de Vereadores de Curitiba, que tinha como intenção dedicar espaço para a comemoração do Dia Municipal Contra a Homofobia (Lei 12.217/2007)

A questão é que a bancada evangélica municipal decidiu usar o mesmo dia para falar por mais de duas horas sobre a Marcha para Jesus e do projeto de título de cidadão honorário à um pastor da igreja Bola de Neve.

O presidente da Câmara, Salamuni, teve de interromper a sessão para que o espaço para fala dos convidados do movimento LGBT fosse garantido. O que causou debate e revolta do Pastor Valdemmir, que   se retirou da sessão (ouça aqui).
Dos 11 vereadores da bancada evangélica, nove deixaram o plenário. São eles: Ailton Araujo, Tiago Gevert,  Jorge Bernardi, Valdemir Soares, Chicarelli, Chico do Uberaba, Cristiano Santos, Dirceu Moreira e Noemia Rocha. Apenas a vereadora Carla Pimentel e Cacá Pereira permaneceram.


Links relacionados:
Neste link você ouve trechos dos debates: http://bandnewsfmcuritiba.com/2013/05/20/vereadores-evangelicos-abandonam-plenario-em-sessao-com-representantes-lgbt/
http://londrina.odiario.com/parana/noticia/745685/vereadores-evangelicos-abandonam-sessao-em-discurso-lgbt/
http://www.bandab.com.br/jornalismo/geral/vereadores-evangelicos-abandonam-sessao-durante-discurso-de-militante-lgbt-55598/

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Somos contrári@s ao título de cidadão honorário de Curitiba para Silas Malafaia

Escrevo para tod@s curitiban@s que lutam por uma sociedade sem discriminação, violência e ódio.
Está tramitando na Câmara Municipal de Curitiba, por iniciativa da vereadora Carla Pimentel (PSC), o Projeto de Lei Ordinária 006.00011.2013 que tem como objetivo conceder o título de Cidadão Honorário de Curitiba ao Pastor Silas Malafaia.
Tendo em vista que o Pastor em questão é um incentivador da intolerância contra a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), como pode ser facilmente verificado na internet, vimos por meio deste solicitar que as instituições, organizações e pessoas encaminhem um ofício pedindo que a proposição não seja aprovada, inclusive afirmando desconhecer qualquer benefício que o Pastor tenha trazido para Curitiba que mereceria a concessão desse título
É importante mandar o pedido para os e-mails e também protocolar as correspondências impressas na Câmara, em nome do Vereador Paulo Salamuni (Presidente da Câmara) paulo.salamuni@cmc.pr.gov.br; Vereador Pier Petruzziello (Relator da Proposição) pier.petruzziello@cmc.pr.gov.br e Vereador Pedro Paulo (Líder do Governo) pedropaulo@cmc.pr.gov.br
Para que a proposição não seja aprovada, é necessário o posicionamento contrário de pelo menos dez organizações, por isso pedimos que compartilhem e divulgem esta nota.

Contamos com a sua solidariedade.

Atenciosamente,
Juliana Souza
Secretária da Região Sul da ABGLT
Secretária Geral do Dignidade

terça-feira, 23 de abril de 2013

"Quem ama se declara" texto de Daniel Galvão


Hoje vou postar um texto que li e gostei muito pela sensibilidade que traz uma proposta para o movimento LGBT
QUEM AMA SE DECLARA 
de Daniel Queiroz Galvão*

 Mudar a história é  mudar o pensamento  a respeito de si mesmo” Malcolm X
Desde a pré-adolescência, nunca consegui compreender o motivo pelo qual uma pessoa, em suas palavras, se autoproclamava melhor que outra pelo simples fato de ser heterossexual. Isso sempre me assombrava e confesso que ainda hoje assusta.
Das maneiras mais diversas, a fala oficial heteronormativa adotada pelos grandes veículos de comunicação, incomodava por se tratar de  simulacro da realidade. Nas novelas, programas dominicais, dupla de ancoras em telejornais e, principalmente, nos chamados entretenimentos humorísticos, com suas piadas preguiçosas e mantenedoras de padrões dominantes,  a presença tipificada do  “papai e mamãe perfeitos”,  todos constituindo enredos onde não se reconhecia o amor entre iguais, o amor, amplo para além dos limites da anatomia.   
Ficava patente nas apresentações padronizadas um tipo de formato onde não havia espaço para a diversidade, para homoafetividade – linguagem adquirida em meio ao processo de enfrentamento da violência-, e quando havia era de maneira a desqualificar ou tornar ridículo pelo discurso a moça ou rapaz com trejeitos “inadequados”.
Entretanto, neste momento, a crítica não é para programas da televisão privada com inclinação homofóbica, nem para os negociadores da fé alheia que juram “curar gays”, nem mesmo aos reacionários do parlamento brasileiro que negam direitos iguais para todos. Esses sabem bem de que lado estão, no debate dos direitos humanos que negam. 
O apontamento tem endereço certo. E é, principalmente, para o valoroso movimento LGBT , que luta para que haja garantias de direitos às Lesbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros.  O direito pleno a todo cidadão em sua dissimilitude é o que importa.
Acontece que não são raras as vezes em que militantes desse Movimento, no desejo de fazerem a defesa do amor, em sua múltipla expressão,  se valem de um termo que reforça – sem intencionalidade - os contornos de uma sociedade construída em estereótipo monstruoso, pois inumano.  Refiro-me especificamente ao famigerado termo ASSUMIR, como intensificador de estigma.
O termo ASSUMIR está sempre presente nas falas de Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, que ao se colocarem em um debate, reafirmam sua orientação/gênero com o seguinte argumento: “Eu sou gay assumido”; “ assumo minha homossexualidade”. Entretanto, a palavra ASSUMIR segue como uma cruz na construção verbal do ativista, compondo uma afirmação argumentativa que restringe possibilidades ao invés de expandi-las, que é o que se deseja. Além de avocar “confissão penosa”, o que em outro aspecto, remete a certo heroísmo extemporâneo e igualmente prejudicial à Causa.
Identificar que Assumir é um verbo transitivo direto que está associado a um fardo, dor, crime e responsabilidade excessiva, é compreender que a Palavra exerce conotação de algo não bom, anômalo. Daí a necessidade de um outro fazer, uma outra linguagem capaz de criar na delicadeza novas fruição.
As pessoas quando dizem ASSUMIR, assumem  culpas, delitos, atos falhos e vergonhosos. É imprescindível quebrar  o estereótipo, ressignificar  o ato de posicionar-se  afirmativamente. Avançar na definição de um conceito mais próximo da satisfação e dos desejos. Desconstruir o conceito carregado de dor, romper a lógica da violência e o ranço que a palavra ASSUMIR engendra, é ação estratégica para a maior compreensão de que não há restrições para o ato de amar.
Deste modo, proponho uma imediata substituição do termo Assumir pelo Declarar-se. Por entender que o que é bom se declara. As pessoas declaram seus afetos, satisfação musical, poesias, amores  e paixões. Não é correto consigo mesmo dizer “eu me assumo” para tratar de minha  boa sentimentalidade, de meu sentimento mais belo. É um tipo de negação de si mesmo na palavra, negação do prazer. Minha afetividade, se decidir, eu a declaro!
Sabe-se que a língua obriga mais do que possibilita, compõe elemento potente no trato do cercear. Já a linguagem, mesmo com limitações, pode possibilitar de forma articulada em contextos atuais, uma maior aproximação daquilo que se pretende revelar. 
Roland Bartes afirmava que a linguagem é como uma pele, pois com ela se entra em contato com os outros. Para ele a linguagem é uma pele que esfrega-se no outro. É como se tivéssemos palavras ao invés de dedos, ou dedos nas pontas das palavras.
E é nesta perspectiva que ofereço ao exame de tod@s a substituição da palavra ASSUMIR por DECLARAR, não só aos  LGBT que sentem a suja navalha estúpida da homofobia cortando na sua carne, mas a tod@s os defensores dos direitos humanos que se indignam com demonstrações medievais de uma gente que vive na caverna, uma caverna midiática  do preconceito a se preocupar com o modo com que o outro pode gozar.
Mulheres, homens, gays e heteros, humanistas de todo Brasil, façamos uma declaração coletiva ao amor! À luta e à reinvenção!
“Ser gay é apenas mais uma declaração de amor. EU ME DECLARO!”


*Acrobata no amar e aprendiz. Militante dos Direitos Humanos, mestre em Ciência Política e pai de João.  Contato:  dqgalvao@yahoo.com.br

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Matéria sobre bissexualidade

Matéria sobre bissexualidade da UOL traz trechos de entrevista feita comigo.


http://mulher.uol.com.br/comportamento/noticias/redacao/2013/04/15/heterossexualidade-nao-e-natural-e-compulsoria-diz-sociologo.htm


"Heterossexualidade não é natural, é compulsória", diz sociólogo

Cléo Francisco
Do UOL, em São Paulo
  • É comum as pessoas acusarem os bissexuais de enrustidos, diz a psicanalista Regina Navarro Lins
    É comum as pessoas acusarem os bissexuais de enrustidos, diz a psicanalista Regina Navarro Lins
Apesar das mudanças sociais e maior abertura com relação à discussão da sexualidade, os bissexuais ainda são vistos com desconfiança e são alvo de preconceito. Um exemplo é Daniela Mercury, que desde que assumiu seu relacionamento amoroso com uma mulher tem sofrido críticas. A declaração da cantora atingiu também seu ex-marido, Marco Scabia. Ter dito que aceitava com naturalidade a sexualidade da ex-mulher causou estranhamento e lhe rendeu ser ironizado até na imprensa.

Para Richard Miskolci, professor do departamento de Sociologia da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos), a sociedade exerce forte influência para que os indivíduos se definam como heterossexuais. "Todos têm essa possibilidade de se relacionar com o mesmo sexo, mas, no processo de socialização, as pessoas podem perdê-la. Desde crianças somos adestrados. Heterossexualidade não é algo natural, hoje sabemos que ela e compulsória", declara Miskolci. 

SITE DE ENCONTROS

O site de relacionamentos extraconjugais Ashleymadson, no Brasil desde agosto de 2011, tem um serviço, ainda em teste, destinado a bissexuais.

O número de homens que se cadastraram para utilizá-lo chamou atenção a ponto de provocar a aceleração da implantação do acesso ao serviço em português.

"São homens que se dizem casados atrás de outro homem. Como é baixo o número de casamentos gays no Brasil, entendemos que seja um casamento heterossexual, cujas pessoas procuram alguém do mesmo sexo", diz o diretor Eduardo Borges.

O site tem um milhão de cadastros e cerca de 25 mil usuários no serviço para bissexuais.
 
"Nas ciências sociais, desde a década de 1960, começaram a surgir estudos que mostram que as pessoas são socialmente treinadas para gostar do sexo oposto", afirma o professor, que pesquisa o uso das mídias digitais voltadas para pessoas que buscam parceiros amorosos. "Muitos homens casados ou com noiva e namorada criam perfis buscando relacionamento com outro homem, a maioria em segredo" (veja no quadro dados de um site de encontros em relação a bissexuais). 
 

Preconceito

A educadora Juliana Inez Luiz de Souza, 25 anos, que também é assessora em uma central sindical de Curitiba, no Paraná, conta que é muito comum sofrer preconceito quando está de mãos dadas com sua mulher. "Ouço frases do tipo: 'Posso entrar no meio?' ou 'Sapatão dos infernos'. Já jogaram ovo na gente, levei cuspida junto com uma namorada", declara Juliana. "Mas não é porque sou casada com uma mulher e pretendo ficar muito tempo com ela que eu sou lésbica. E também não significa que quando estou com um homem sou heterossexual. Sou bissexual. E as pessoas precisam saber que isso existe". 
Além dos problemas enfrentados por Juliana, muitos outros podem aparecer no caminho de quem decide mostrar à sociedade que essa é sua orientação sexual.  "O bissexual sofre muito preconceito. Já ouvi muitas vezes que não existe bissexual, mas homossexual que não quer se assumir. Isso não é verdade", afirma o psiquiatra, sexólogo e diretor do departamento de Sexualidade da Associação Paulista de Medicina Ronaldo Pamplona da Costa.

Segundo a psicanalista Regina Navarro Lins, é comum a acusação de que os bissexuais ficam em cima do muro. "São tidos como gays enrustidos. Numa cultura de mentalidade patriarcal, se você diz que é bissexual, também informa que faz sexo com seu oposto, o que pode amenizar um pouco o preconceito", afirma Regina, que é autora de onze livros entre os quais "A Cama na Varanda" e "O Livro do Amor" (editora Best Seller), além de manter um blog no UOL
 

Ideia equivocada

 
Além de tachados como indefinidos sexualmente, os bissexuais também podem ser considerados promíscuos por alguns, como conta Juliana. "É outro clichê: bissexual é pervertido e topa tudo. As pessoas têm a visão que bissexual não se completa só com um na hora da transa, que precisa ter o outro",  fala a assessora, que completa: "Eu me contento muito bem, seja com um ou com outro. Estou casada com uma mulher há três anos e minha relação é monogâmica, como a maioria dos casamentos, no estilo tradicional".

A psicóloga Claudia Lordello explica que essa é uma ideia errada a respeito das pessoas com essa orientação. "O bissexual pode ter relacionamentos estáveis e duradouros", afirma ela, que também é sexóloga do projeto Afrodite, o ambulatório de sexualidade feminina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). 
 
"Há promíscuos e não promíscuos heterossexuais, bissexuais e homossexuais. O indivíduo que realiza sua bissexualidade não pode ser considerado promíscuo por esse comportamento exclusivamente", declara a psiquiatra Carmita Abdo, fundadora e coordenadora do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade da USP). "Promiscuidade é trocar ou acumular parcerias sem critério e sem limite. É fazer do sexo uma forma banal e irresponsável de relacionamento. E isso resulta de um perfil de personalidade independentemente da orientação sexual", diz a médica. 
 
Carmita explica que o bissexual tem como característica sentir-se atraído pelos dois sexos, mesmo que não exercite essa prática. "Essa pessoa pode decidir e se empenhar para restringir-se a um só tipo de relacionamento, porque fez um investimento emocional numa relação, constituiu família por exemplo. Mas, em essência, o bissexual continua atraído por homens e mulheres".

Ou seja: há os que se definem por uma relação no concreto e sublimam o outro lado ou o vivem apenas na fantasia, por meio de filmes, internet. E há os que fazem sexo de forma concreta com homens e mulheres.

Pesquisa

 
Em 2008, para o estudo Mosaico Brasil, coordenado pela psiquiatra Carmita Abdo, foram entrevistados mais de 8.200 brasileiros entre 18 e 80 anos, em dez capitais, sendo 49% homens e 51% mulheres. Entre várias outras perguntas, os participantes responderam se faziam sexo habitualmente só com homens, apenas com mulheres ou com os dois. O resultado: 2,6% dos homens responderam que faziam sexo com ambos e 1,4% das mulheres deram a mesma resposta. "Cerca de 2% das pessoas se identificaram como bissexuais, no Brasil. É um número que coincide com as estatísticas internacionais de pessoas adultas que já têm sua orientação sexual definida", conta Carmita.
 
 

Fronteiras

 
Para a historiadora Mary Del Priore, a noção de bissexualidade ganhou força a partir dos anos 1970, com as transformações sociais como a entrada das mulheres no mercado de trabalho, a liberdade sexual trazida pela pílula anticoncepcional e o movimento hippie.

"Mulheres vestem calças compridas e se masculinizam para vencer profissionalmente. Rapazes deixam os cabelos compridos. Começam a se apagar as fronteiras entre o que é masculino e feminino, permitindo às pessoas transitarem de um papel para o outro. É o pano de fundo para o conceito da bissexualidade", fala Mary, que estuda a sexualidade no Brasil através dos séculos.

"Caminhamos para um mundo onde os papéis sexuais vão ficar cada vez mais diluídos e as pessoas vão se permitir escolher e não ser necessariamente a mesma coisa a vida toda", afirma a pesquisadora, que finaliza: "A bissexualidade se abre hoje como uma possibilidade para todo mundo. Acho que a intolerância em relação ao bissexual vai decrescer". 
 
O pensamento da psicanalista Regina Navarro Lins segue essa linha de raciocínio. "É possível que haja mais bissexuais daqui a algum tempo por conta da dissolução das fronteiras entre masculino e feminino. Não existe mais nada que só interesse a mulher ou ao homem".

Ela também explica os motivos que a levam a concordar que os bissexuais terão mais liberdade para assumirem sua orientação. "Acredito que, no futuro, muito mais gente poderá ser bissexual porque a escolha de objeto de amor provavelmente se dará pelas afinidades e não pelo fato de ser homem ou mulher", afirma.
 

Tudo pode mudar

 
O indivíduo pode descobrir ter atração pelos dois sexos em qualquer momento da vida. "Esse interesse pode ser pelo mesmo sexo ou o contrário: a pessoa vive uma relação homossexual e, descobre que tem desejo pelo sexo oposto", segundo a psicóloga Claudia Lordello.
 
O psiquiatra Ronaldo Pamplona da Costa também acredita nesta possibilidade. "A orientação sexual pode ir mudando no decorrer da vida. Sei do caso de um homossexual assumido por 30 anos, casado com outro homem que, aos 60, casou com uma mulher por opção", fala o psiquiatra que também é autor do livro "Os Onze Sexos – As Múltiplas Faces da Sexualidade Humana" (Kondo Editora). 
 
Mas, segundo Fernando Seffner, professor da pós-graduação em Educação e coordenador da linha de pesquisa em Educação, Sexualidade e Relações de Gênero na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), não existe uma estrutura social que permita ao bissexual viver sua orientação tranquilamente.

"O sujeito prefere manter compromisso estável com uma mulher, de quem gosta de verdade, e ter relações com homens em segredo", conta Seffner, cuja tese de doutorado abordou a bissexualidade masculina. Para ele, o movimento gay tem o grande mérito de ter construído a homossexualidade como vida viável, com possibilidade de adotar filho, ter um companheiro, estrutura social, mesmo com os preconceitos.